A relação Brasil x China x EUA e suas consequências para o agro

A China, no momento, é a maior agricultura do mundo, resultado de um projeto estrutural iniciado na década de 70, após períodos difíceis de fome nas décadas anteriores. O governo nesses anos montou fábricas de químicos e fertilizantes para incentivar a produção agrícola, alcançando crescimento exponencial nas décadas de 90. Neste cenário, a impressão era que a China jamais importaria alimentos, mas com o grande crescimento do país e de sua população, cresceu também a demanda de carne vermelha e, consequentemente, a de grãos.

A carne suína é a mais consumida pelos chineses, e também é uma das carnes que mais demanda grãos para sua produção, o que criou um dilema, pois seria impossível produzir a quantidade necessária. Sendo assim, a China toma a importante decisão de produzir apenas arroz, trigo e milho. Decisão essa que afeta diretamente o Brasil, pois assume, junto aos EUA, o papel da produção de soja.

Impacto das transformações ambientais

Com o início da pandemia, ficou claro o risco sanitário que existe no consumo de animais silvestres. Com isso, a produção de alimentos na China nunca mais será como antes, pois o impacto das transformações ambientais ditam as formas de produção e cada vez mais o governo chinês investirá em tecnologia e qualidade dos alimentos.

Relação Brasil x EUA x China

Em meados de 2008, enquanto a demanda de grãos da China aumentava, os EUA começavam um investimento agressivo na produção de biocombustíveis, tendo como principal o etanol de milho.

Os EUA são responsáveis por 40% da produção de milho do mundo e, nos últimos anos, dedicaram 1/3 da sua produção interna de milho ao etanol. No governo Trump, não havia um interesse muito grande nas questões ambientais, com o início do governo Biden, a produção de biocombustíveis volta a aumentar, tendo maior aderência das refinarias e aumento da demanda de grãos. O Brasil acaba se tornando fundamental no cenário internacional tendo ainda grandes áreas agrícolas disponíveis, enquanto no resto do mundo, elas se tornam cada vez mais escassas.

Relatório de plantio dos EUA

A cada ano, os Estados Unidos liberam um relatório de plantio, onde estão presentes metas de colheitas, produção, estoques de passagem e estoques finais. Nos últimos anos, os estoques finais de soja diminuem cada vez mais e, com a China comprando cada vez mais milho, cria-se a percepção de que viveremos um momento de aperto.

O clima em terras norte americanas é de nervosismo. Com a diversidade climática presente nos territórios dos EUA, os modelos acabam tendo dificuldade em fazer previsões acertivas, gerando incerteza e apreensão. Em um cenário positivo, a colheita americana podem chegar a colher 120 milhões de toneladas de milho, o que pra demanda mundial atual é um número baixo. Os números do estoque final projeto para agosto do ano que vem (colheita americana começa em setembro) estão menores dos que os atuais e que, com a demanda de biocombustível, pode ficar ainda menor, impactando diretamente a exportação de soja do Brasil, o que tem relação direta com o aumento dos preços da soja e do milho. A curto prazo o Brasil é mais apto a produzir a demanda necessária na próxima safra.

Hoje vimos como a íntima relação entre a transformação do meio de produção chinês afeta o nosso mercado, exigindo cada vez mais milho e soja. Também nos ensina que cada dia mais precisaremos prestar atenção e nos preocupar com as questões ambientais e seus efeitos sob o mercado agrícola.

A relação Brasil x China x EUA e suas consequências para o agro
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