Criado novo método para avaliar o solo e identificar limitações na produtividade

O novo método diagnóstico desenvolvido pela Embrapa para avaliar o impacto do uso de tecnologias na fertilidade do solo consegue identificar fatores que prejudicam a produtividade e a estabilidade da produção, sendo validada nas áreas agrícolas do Paraná, em parceria com a Cocamar Cooperativa Agroindustrial.

Constatamos que os aspectos essenciais para aumentar a produtividade; garantir estabilidade de produção e reduzir os impactos ambientais decorrentes das atividades agrícolas estão relacionados à melhoria da fertilidade integral do solo (física, química e biológica), à cobertura permanente do solo e à adoção de diferentes práticas conservacionistas, como o terraceamento e o cultivo em nível, por exemplo”, explica Alvadi Balbinot Júnior, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Soja.

Para desenvolver a metodologia, foram selecionadas 22 áreas agrícolas em 11 municípios do norte e noroeste do Paraná, sob Sistema de Plantio Direto (SPD), com diferentes modelos de produção, diversidade ou não de espécies vegetais e potencial de aporte de palha e raízes.

Deste modo foi possível fazer uma avaliação da propriedade a partir de duas frentes distintas: Primeiro diagnosticando a qualidade do manejo e a fertilidade do solo (indicadores físicos e químicos) para identificar fatores relacionados ao solo que limitam a produtividade, a estabilidade de produção e a lucratividade. “Além disso, a metodologia consegue avaliar o impacto de modelos de produção, com maior diversidade de espécies vegetais e aporte de palha e raízes, sobre a fertilidade do solo”, detalha Balbinot

As áreas foram classificadas em dois modelos de produção, adotado nas três safras que antecederam à amostragem. O modelo padrão caracteriza-se pelas sucessões milho segunda safra/soja e trigo/soja, sem cultivo de espécies vegetais para cobertura do solo. Porém, o modelo aprimorado é aquele com maior diversidade de espécies vegetais ou maior potencial de produção e persistência de palha e raízes. “Vale destacar que a principal espécie de cobertura utilizada no modelo aprimorado foi a braquiária ruziziensis (Urochloa ruziziensis), solteira ou consorciada com o milho segunda safra”, diz Balbinot.

De acordo com Renato Watanabe, gerente executivo técnico da Cocamar, este método mostra que as ações adequadas de manejo de solo trazem mais segurança aos agricultores e contribuem para melhorar a qualidade do meio ambiente. “Quando pensamos em uma agricultura tropical, pujante e capaz de alimentar o mundo, sabemos que ela está diretamente ligada à qualidade dos solos, o que promove aumento de produtividade e redução de custos”, explica Watanabe. “A sustentabilidade de todo o sistema de produção passa pela capacidade de realização de um plantio direto de qualidade, algo que, infelizmente, foi ‘simplificado’ pelos produtores, devido a alguns fatores, perdendo a sua essência”, afirma.

Os indicadores propostos são o índice de qualidade estrutural do solo (IQES), que é determinado por meio do Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES) e a taxa de infiltração estável de água no solo. “Uma grande vantagem é que o método pode ser reproduzido por cooperativas, órgãos de assistência técnica e empresas para fazer uma análise ampla da qualidade do solo, identificando gargalos que dificultam o aumento da produtividade, da estabilidade de produção face à ocorrência de adversidades climáticas e da rentabilidade nas diferentes regiões em que atuam”, afirma Balbinot.

Já de acordo com Júlio Franchini, pesquisador da Embapa, as avaliações sobre a produtividade média da soja e do milho segunda safra, principais culturas agrícolas do Paraná, mostram que não atingem o potencial genético, em especial, por falta de água para as plantas. Em 16 safras (1999/2000 a 2014/2015), avaliadas no Paraná, Franchini estima que a ocorrência de secas ocasionou prejuízo de 20,8 milhões de toneladas de grãos de soja. “Há estudos mostrando que é de aproximadamente 85% a diferença entre a produtividade potencial e a observada na planta, devido à deficiência hídrica”, explica. “Isso significa que, mesmo em safras consideradas “normais” do ponto vista climático, a produtividade das culturas de grãos no Paraná tem sido limitada pela falta de água”, afirma o pesquisador.

Com isso, ele também destaca que o crescimento da produtividade e a estabilidade de produção estão boa parte associados à adoção de tecnologias que aumentem a disponibilidade de água nas plantas. “Isso envolve a construção de um perfil de solo sem impedimentos ao crescimento radicular sejam eles físicos (compactação), químicos (acidez excessiva, com baixos teores de cálcio, fósforo e presença de alumínio tóxico) ou biológicos (fitonematoides e fungos fitopatogênicos), possibilitando assim um maior volume de solo explorado em busca de água, sobretudo nas camadas mais profundas”, explica Franchini.

 

 

 

Fonte: FEBRAPDP e Embrapa

Criado novo método para avaliar o solo e identificar limitações na produtividade
Gostou? Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *