Integração Lavoura-Pecuária_ Uma Revolução na Agricultura Brasileira

A agricultura brasileira tem experimentado grandes transformações nas últimas décadas. Em 1985, o país possuía 19,1 milhões de hectares dedicados à agricultura. Em 2021, essa área atingiu 62,7 milhões de hectares, um aumento impressionante de 229%. No mesmo período, as pastagens aumentaram de 121,36 milhões para 158,97 milhões de hectares, um crescimento de 31%.

Apesar desses avanços, o problema das pastagens degradadas persiste. Em 2000, 75% das pastagens brasileiras apresentavam algum grau de degradação. Em 2021, esse número reduziu para 63%, ainda assim, uma porcentagem significativa. Neste cenário, surge a necessidade de técnicas que permitam a recuperação dessas áreas, bem como a otimização do uso da terra. Uma dessas técnicas é a Integração Lavoura-Pecuária (ILP).

A degradação de pastagens é definida como uma queda acentuada e contínua na produtividade da pastagem ao longo do tempo. Isso pode ser identificado por meio de uma diminuição na capacidade de suporte (UA/ha/ano), perda de desempenho na produção (ganho de peso ou produção de leite) e da pastagem (pasto “rapado”). Além disso, sinais visíveis de degradação incluem a presença de plantas invasoras, compactação do solo, erosão e diminuição do percentual de capim.

Prevenir a degradação da pastagem requer uma gestão eficaz. O produtor deve realizar um controle rotineiro da taxa de lotação, análise de solo e manutenção da fertilidade, além de controle de plantas daninhas e insetos-praga.

Existem três opções principais para reverter o processo de degradação das pastagens: recuperação direta, renovação e recuperação/renovação indireta. A escolha entre essas opções depende do nível de degradação, da capacidade de investimento e da qualificação técnica do pecuarista.

A Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é uma técnica que consiste na rotação de pastagens e lavouras de grãos, principalmente soja e milho, em uma mesma área. Normalmente, a ILP é iniciada em pastagens degradadas e, durante um período entre três e cinco anos, são conduzidas a lavouras. Após este período, a área é convertida novamente em pastagem por um período equivalente.

A ILP traz inúmeros benefícios para a pecuária extensiva e para as culturas. Para a pecuária, a ILP permite a diluição do risco econômico, melhoria da qualidade e disponibilidade de pastagem, redução dos custos com suplementação alimentar, melhoria do bem-estar animal, redução do impacto ambiental e aumento da rentabilidade.

Para as culturas, a ILP promove a melhoria da estrutura e das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, além de aumentar a matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes.

No Brasil, estima-se que os sistemas de integração estão presentes em 30 a 40% das áreas que antes eram degradadas. A pecuária está se integrando em áreas de grãos no Sul do país, enquanto, no Centro-Oeste, os grãos estão se integrando nas áreas com pecuária.

No Brasil, a área com adoção de algum sistema integrado era de 11,47 milhões de hectares na safra 2015/16, equivalente a 5,5% da área antropizada sob uso agropecuário no Brasil. Na safra 2020/21, a área com integração era de 17,43 milhões de hectares, 8,35% das áreas sob uso agropecuário no Brasil.

A expansão da ILP pode chegar até 48 milhões de hectares, principalmente com a incorporação de áreas improdutivas e pastagens degradadas. A adoção de sistemas ILPF cresceu 52% entre as safras 2015/16 e 2020/21.

O sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) surge como uma solução eficaz para o problema das pastagens degradadas e para a otimização do uso da terra na agricultura brasileira. Com a adoção crescente dessa técnica, a expectativa é de que a produtividade agrícola continue a crescer, contribuindo para a sustentabilidade e a segurança alimentar do país.

 

Fontes:
Scot Consultoria
Revista Globo Rural

Integração Lavoura-Pecuária_ Uma Revolução na Agricultura Brasileira
Gostou? Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *